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segunda-feira, outubro 27, 2008

FESTIVAL DO RIO, O DIÁRIO - PARTE 2

03/10/2008 - SEXTA-FEIRA

Cheguei ao Palácio por volta de 18h00 e qual não foi a surpresa ao perceber que na entrada estava nada mais nada menos que o astro Bill Pullman. O ator está gravando um filme aqui no Rio de Janeiro e aproveitou para apresentar "Sob Controle", filme de Jennifer Lynch (filha do cineasta David Lynch) que protagoniza. Jennifer estreou na direção com "Encaixotando Helena", trama que lembra as histórias estranhas e interessantes do pai.















Warny, André e Bill Pullman: antes da exibição!

SOB CONTROLE
EUA / 2008
De Jennifer Lynch
Com Bill Pullman, Julia Ormond, Pell James, Ryan Simpkins
Suspense
Lembrando a premissa de Twin Peaks, o filme mostra dois agentes do FBI chegando a uma cidade pequena para investigar as causas misteriosas de uma chacina. Os sobreviventes se resumem a uma mulher drogada, uma inteligente e séria menina, além de um policial sádico. Eles são interrogados pela dupla e, aos poucos, através de flashbacks, o público vai preenchendo as
peças do quebra-cabeça. A trama pode parecer óbvia, mas o fato é que Jennifer não se preocupa em surpreender, mas sim de montar um painel de personalidades em cada um dos personagens que entram em choque por caus de uma tragédia. E, nesse ponto, ela compensa o enredo monótono e linear, com cenas chocantes e tão reais que faz com que se perceba que a psicopatia está presente no mais variado tipo de pessoas. Não é exatamente um filme divertido, mas é essencial para quem gosta de um estudo profundo de personalidades. Nesse caso, da parte mais doentia da mente humana. Como disse Bill Pullman na apresentação, o filme é forte. E ele tem toda razão.
NOTA 7,5















Sob Controle: criança em meio a psicopatas.

07/10/2008 - TERÇA-FEIRA

Depois de um final de semana em que perdi todos os filmes mais procurados do Festival, era
hora de ver mais um filme independente. De qualquer forma, perdi algumas boas promessas
como: A Erva do rato, filme baseado em contos de Machado de Assis, com Selton Mello; Feliz
Natal, estréia de Selton Mello na direção e A Festa da Menina Morta, de Matheus Nachtergaele. Cheguei ao Palácio por volta de 19h00 para assistir o pseudo-documentário "Todos os Meus Fracassos Sexuais". O salão do cinema estava lotado! Mas era para assistir a pré-estréia de "Romance",de Guel Arraes, com Wagner Moura. Os dois estavam no local, o que explicava o
tumulto. Afinal todos queriam tirar fotos com o "Capitão Nascimento", mesmo que ele esteja
promovendo um filme romântico.

TODOS OS MEUS FRACASSOS SEXUAIS
Reino Unido / 2008
De Chris Waitt
Com Chris Waitt, Alexandra Boyarskaya, Danielle McLeod
Comédia / Documentário
O diretor Chris Waitt, depois de levar mais um fora de uma namorada,decide investigar o motivo de suas relações nunca darem certo. Para tal, resolve bater na porta de cada ex-namorada para perguntar porque deu errado. A trama é divertida ao extremo, sem a presença da burocracia norte-americana. O fato de "estar tentando fazer um filme" ser o próprio filme, foi uma grande sacada, rendendo boas piadas ao longa. O perfil das ex-namoradas é bem diversificado, o que proporciona um tom mais dinâmico à história. E suas estratégias de recuperação são as melhores: uma overdose de viagra, uma sessão com uma dominatrix, além de encontros pela internet com garotas problemáticas. Uma ótima surpresa para quem gosta de filmes não convencionais e está cansado de produções clichês e sem graça alguma.
NOTA 9,0















Todos os Meus Fracassos Sexuais: fracassado em busca de redenção!

09/10/2008 - QUINTA-FEIRA

Último dia de festival. Tinha que escolher um filme à altura. Quando soube que estava passando "A Onda" no Palácio, corri para garantir meu lugar. Já havia feito um trabalho sobre a história na faculdade, antes mesmo de existir esse longa metragem. Na sessão, o Palácio se superou! Na cena final, a tela se apaga e tudo levava a crer que o público não veria o desfecho da trama! A organização ainda resolveu colocar o que acontecia na legenda eletrônica! Mas após uma breve espera, todos puderam finalmente apreciar o final do filme.















A Onda: Quem disse que um novo nazismo não pode surgir?

A ONDA
Alemanha / 2008
De Dennis Gansel
Com Jürgen Vogel, Frederick Lau, Max Riemelt, Jennifer Ulrich
Drama
Baseado em história real ocorrida em 1967 na Califórnia. Professor decide ensinar autocracia aos seus alunos de forma diferente. Perante a incredulidade da turma, ele resolve criar um grupo altamente caracterizado pela uniformidade e união entre seus membros. A história de "A Onda" é estudada há muito tempo em faculdades de pedagogia. Afinal, ao expor seus alunos a uma recriação dos princípios nazistas, acabou-se gerando a intolerância e o preconceito existentes na época. Para alguns, uma forma criativa e revolucionária de ensino, que simula a realidade, aprofundando os conceitos estudados. Para outros, uma forma perigosa e anti-ética de ensinar. O documentário existente há tempos foi passado para a ficção com elementos diferentes, e com certos exageros nas conseqüências da história. Mas o teor da mensagem continua a mesma, com destaque ainda para as diversas personalidades dos personagens e como o comportamento de cada um deles quanto ao exposto pelo professor.
NOTA 9,0

terça-feira, outubro 14, 2008

FESTIVAL DO RIO 2008, O DIÁRIO - PARTE 1

26/09 - SEXTA-FEIRA

O Festival começou no dia anterior com a exibição para convidados do filme "Última Parada 174". Como o Blog WCinema ainda não tem prestígio suficiente para tanto, assisti o filme de Bruno Barreto na sexta, no Odeon, às 17h30, enquanto Ary Fontoura apresentava "A Guerra dos Rocha" no Palacio (que promete ser mais um filme exageradamente alegórico de Jorge Fernando). Cheguei quase atrasado, mas ainda consegui um bom lugar para ver o Última Parada 174. A disputa para ver o concorrente do Brasil a uma vaga no Oscar estava tão grande que tinha gente em pé ára ver o longa. Já era por volta de 20h30 e eu estava na fila gigantesca para conferir o novo filme dos Irmãos Cohen, "Queime Depois de Ler". Pessoas comentando "Deve ser bom, é dos irmãos Cohen, aqueles que ganharam o Oscar ano passado!" demonstravam que eles estão na moda. Como o Shyamalan na época de "Sexto Sentido". Mas com a diferença que os Irmãos Cohen têm um trabalho sólido e respeitável muito antes de "Onde os Fracos Não Têm Vez". E não estou falando de "E aí, Meu Irmão, Cadê Você?".
















Última Parada 174: André Ramiro como oficial do BOPE, será outro filme?

ÚLTIMA PARADA 174
Brasil / 2008
De Bruno Barreto
Com Michel Gomes, Cris Vianna, Marcello Melo Jr., Douglas Silva
Drama
O filme, que é o representante brasileiro concorrendo a uma vaga no Oscar, mostra as origens de Sandro, responsável pela tragédia do ônibus 174 anos atrás. Diferentemente do documentário assinado por José Padilha (Tropa de Elite), Bruno Barreto decidiu por romancear a trama, mas na medida certa, apenas para dar um tom mais ficcional ao enredo. Tal fato serviu para dar ainda mais força aos personagens, com ótimas interpretações em um roteiro eficiente de Bráulio Mantovani (Cidade de Deus, Tropa de Elite). A direção de Barreto é burocrática, em parte porque utiliza-se de conceitos já esmiuçados em outros filmes, como "Cidade de Deus" e "Tropa de Elite", e até mesmo em seu "O Que é Isso, Companheiro?". Mas a história, que parte da vida de dois meninos com o mesmo nome que se cruzam ao longo dos anos, é tão forte que acaba por colocar em segundo plano eventos importantes da trama como a Chacina da Candelária e o próprio sequestro do ônibus. Pode ter sido o calcanhar de aquiles do filme, mas ao mesmo tempo, é a força em que o filme se apóia para conquistar o público.
NOTA 8,0















Queime Depois de Ler: George Clooney e Frances McDorman se divertindo no cinema

QUEIME DEPOIS DE LER
EUA / 2008
De Ethan Coen e Joel Coen
Com John Malchovich, George Clooney, Frances McDormand, Brad Pitt, Tilda Swinton
Comédia
A volta dos Irmãos Coen à comédia, após um filme pesado como "Onde os Fracos Não Têm Vez" não poderia ser em melhor estilo. Recheado de estrelas e de humor negro, a dupla continua impagável no gênero, lembrando o clássico moderno "O Grande Lebowski". Na trama, agente da CIA (o sempre estranho e ótimo John Malchovich) é demitido e resolve escrever suas memórias. Mas sua mulher (Tilda Swinton) perde o cd na academia, onde dois empregados (Frances McDormand e Brad Pitt) acham e decidem usar o artifício a chantagem, ameaçando entregar os "segredos" para a embaixada russa. Destaque para o tipo cheio de manias vivido por George Clooney, que rouba a cena várias vezes. Mas a história beirando o absurdo, que serve tanto como sátira política quanto cinematográfica, é o que dita as regras nesse curto, porém excelente, filme.
NOTA 9,0

29/09 - SEGUNDA-FEIRA

A mostra Midnight Movies é sem dúvida a melhor do Festival na minha opinião. Os filmes, em sua maioria interessantes, raramente entram em circuito comercial após o festival, diferentemente dos filmes mais procurados.Por isso, preferi ver os filmes dessa mostra ao invés de Rock'n Rolla (Guy Ritchie), Vicky Cristina Barcelona (Woody Allen), Velha Juventude (Francis Ford Coppola) e Guerra Sem Cortes (Brian De Palma). Todos esses vão estrear em vários cinemas. Agora, "O Bom, O Mau, O Bizarro" certamente não.


O Bom, O Mau, O Bizarro: Ninguém me pega!

O BOM, O MAU, O BIZARRO
Coréia do Sul / 2008
De Kim Jee-Woon
Com Jung Woo-sung, Lee Byung-hun, Song Kang-ho
Ação
Já havia visto um filme sul-coreano no festival retrasado, o interessante "The Host", uma aventura com toques de comédia. Já "O Bom, O Mau, O Bizarro" é uma comédia com toques de aventura, ou melhor, de faroeste. Uma caça ao tesouro é desencadeada pelo roubo de um mapa. O ladrão, um misto de Jackie Chan com Michael Myers, protagoniza uma verdadeira saga para encontrar um misterioso tesouro, mas é perseguido tanto pela polícia como por perigosos pistoleiros. As cenas de ação beiram o absurdo propositalmente e acrescentam dinamismo à história que se fosse americana, cairia no clichê. A trama caminha de forma divertida até seu final surpreendentemente interessante.
NOTA 7,5

01/10 - QUARTA-FEIRA

O Casamento de Rachel? Só tinha ouvido falar que Anne Hathaway estava cotada para o Oscar por esse filme. Apesar de drama familiar não ser um dos meus gêneros preferidos, rumei para o Roxy para conferir a atuação da bela atriz.Como cheguei cedo, ainda deu tempo de ver a comédia de Michel Gondry (do cultuado "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças"). Ambas as sessões estavam lotadas, o que comprova que o festival faz cada vez mais sucesso.















Rebobine, Por Favor: Jack Black magnetizando tudo

REBOBINE, POR FAVOR
EUA / 2008
De Michel Gondry
Com Jack Black, Mos Def, Danny Glover, Melonie Diaz, Mia Farrow, Sigourney Weaver
Comédia
O filme prometia ser uma sátira divertida sobre o cinema, ao mostrar a história de dois amigos que decidem refilmar da maneira mais trash possível os filmes da locadora de um deles. Isso porque o personagem de Black, após um acidente, fica magnetizado e estraga todas as fitas VHS da loja. Mas a trama estraga a premissa, não alcançando a criatividade de "Trovão Tropical" nem o carisma de "Saneamento Básico", só para citar filmes que tratam do mesmo tema. As cenas beiram o pastelão e as refilmagens de filmes clássicos ou são rápidas ou são sem inspiração, o que de alguma forma faz o filme não cumpir a promessa. Destaque apenas para as participações de Mia Farrow e Sigourney Weaver.
NOTA 4,5















O Casamento de Rachel: família reunida

O CASAMENTO DE RACHEL
EUA / 2008
De Jonathan Demme
Com Anne Hathaway, Rosemarie DeWitt, Mather Zickel, Bill Irwin
Drama
O filme segue uma linha de drama familiar clichê, onde sempre tem uma personagem com problemas (álcool ou drogas ou ambos), uma morte na família onde alguém se sente responsabilizado, além das inevitáveis revelações do passado que afetaram a personalidade de todos. Mesmo seguindo essa fórmula, o longa compensa com atuações memoráveis sobretudo de Anne Hathaway, cotada para o Oscar. Ela faz o papel da mulher que está saindo de uma clínica de reabilitação para o casamento da irmã. Mas acaba por fazer renascer sentimentos ligados a uma tragédia no passado, trazendo conflitos para toda a família. Apesar de monótono, a direção precisa e os ótimos diálogos, somados a uma trilha sonora eclética, mostram o diferencial de "O Casamento de Rachel" de outros filmes do gênero. Sem falar que é oportunidade de ver novamente a direção de Jonathan Demme (O Silêncio dos Inocentes).
NOTA 7,0