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terça-feira, agosto 10, 2010

O BEM AMADO

O BEM AMADO
Brasil / 2010
De Guel Arraes (Lisbela e o Prisioneiro, Caramuru- A Invenção do Brasil, O Auto da Compadecida)
Com Marco Nanini, Matheus Nachtergaele, José Wilker, Caio Blat, Maria Flor, Tonico Pereira
Perfil no IMDB: http://www.imdb.com/title/tt1410297/
Comédia

Após o assassinato do prefeito de Sucupira, uma cidade do interior do Brasil, Odorico Paraguaçu assume o mandato disposto a cumprir sua principal promessa: inaugurar o primeiro cemitério da cidade. Mas além de enfrentar seu maior adversário político, dono do principal jornal da cidade, ele é surpreendido pela falta de mortalidade em Sucupira.

Confira o trailer do filme:



Guel Arraes mostra que sabe como ninguém fazer uma trama regional, com personagens beirando o caricato e que se misturam em tramas que tratam de golpes e malandragens. Todos os seus longas anteriores apresentaram essas mesmas características e nada do que repetir a sua mais famosa fórmula. Dessa vez, ele aproveitou a história de Dias Gomes, que tornou-se uma das mais bem-sucedidas séries brasileiras, e acertou em cheio na escolha do elenco. Marco Nanini apresenta um Odorico extremamente hilário, com suas proposições únicas e criativas, roubando a cena mesmo em uma trama com vários personagens clássicos. José Wilker também está impagável como o assassino Zeca Diabo, assim como o ótimo Tonico Pereira na pele do adversário político de Odorico. Em contrapartida, Matheus Nachtergaele surpreendentemente não acerta a mão em sua humilde interpretação do covarde Dirceu Borboleta.




Odorico e Dirceu nas graças do povo!


O Bem-Amado traduz as angústias do povo como pano de fundo para uma disputa política. Nela, não existem mocinhos nem bandidos. Ambos os lados são desonestos e fazem qualquer coisa para chegar ao poder. Os discursos inflamados não poderiam faltar, nem mesmo as falcatruas e falta de caráter dos pretensos líderes do povo. A defesa de interesses próprios está acima de qualquer reivindicação dos eleitores. O povo também é visto como facilmente iludido por obras ostentosas e ao mesmo tempo destituídas de benefícios concretos para a população.
Unindo sua comédia de tipos (que lembra as peças de Moliere) a fortes críticas sociais, Guel Arraes não se reiventa, mas sim reafirma um gênero que demonstra ainda muito potencial para ser utilizado em futuras tramas nacionais. Apesar de cair no lugar comum, é sempre interessante esboçar uma metáfora de nossa situação política da forma como apresentada no filme. Afinal Sucupira poderia ser qualquer cidade brasileira, ou até mesmo, o próprio Brasil.

NOTA 8,5

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