RESENHA DE FILMES 15

BORAT
De Larry Charles
Com Sacha Baron Cohen, Anthony Hines, Peter Baynham
Comédia

Borat é um repórter de TV do Casaquistão, que viaja aos EUA para fazer uma série de matérias sobre o comportamento dos americanos. Quando chega lá, apaixona-se pela atriz Pamela Anderson (através de uma foto) e resolve procura-la usando a reportagem como pretexto.
Sem dúvida, Borat inovou ao misturar comédia pura e pseudo-documentário. Algumas "entrevistas" ficaram realmente engraçadas, como a cena da professora de etiqueta. Mas o problema é que a graça da história se baseia no fato de a maioria dos personagens não saber que estão participando de um filme. Logo, quando algumas cenas se tornam tão exageradas a ponto de se desconfiar de alguma armação (mesmo que não haja), toda a estrutura da comédia cai por água abaixo. Logicamente é quase impossível não se divertir pelo menos com algumas cenas, mas o humor quase pastelão não agrada a todos e Borat parece não definir seu estilo, mesclando piadas inteligentes com outras que beiram o ridículo. E o resultado final é uma trama bastante inovadora e criativa que se perde pela própria pretensão de seu criador.
NOTA 5,0


CARTAS DE IWO JIMA
De Clint Eastwood
Com Ken Watanabe, Kazunari Ninomiya, Tsuyoshi Ihara, Hiroshi Watanabe
Guerra

A história, sob o ponto de vista japonês,da batalha de Iwo Jima, entre soldados do Império japonês e do exército norte-americano na Segunda Guerra Mundial.
Clint Eastwood (Os Imperdoáveis, Sobre Meninos e Lobos, Menina de Ouro), que também filmou a mesma batalha sob o ponto de vista norte-americano (A Conquista da Honra), faz aqui uma das melhores tramas de guerra já feitas. Observamos vários pontos presentes em Apocalipse Now e Platoon (só pra citar algumas obra-primas do gênero): a insatisfação contida dos soldados por uma guerra que está além da compreensão deles, o dilema entre o instinto de sobrevivência e a coragem em derrotar o inimigo,além de questões que levantam os motivos nada profundos para os confrontos da história. Mas Clint vai além e mostra os conflitos internos e externos dos personagens, seja através dos flashbacks ou no meio da própria guerra. Desde o nada corajoso Saigo e o misterioso Shimizu até o comandante Koribayashi (ótima interpretação de Ken Watanabe, que merecia pelo menos uma indicação ao Oscar).Destaque ainda para a edição de som (percebe-se distintamente vários sons em meio às batalhas), à fotografia com tons em cinza (propositadamente envelhecida), além dos vários truques geniais de direção de Clint (nota-se numa cena entre o general e um soldado que a câmera mostra a visão do primeiro e, assim, fica nítida a posição inferior do último). Porém, a originalidade de Clint torna-se brilhante ao apresentar a guerra sob dois prismas e mostrar ao mundo que não existem mocinhos nem bandidos na frente de batalha. Em ambos os lados estão seres humanos, demonstrando os mesmos anseios e inseguranças.
NOTA 9,0

MOTOQUEIRO FANTASMA
De Mark Steven Johnson
Com Nicolas Cage, Wes Bentley, Sam Elliot, Peter Fonda, Eva Mendes

Aventura

Baseado no personagem homônimo dos quadrinhos da Marvel. O motoqueiro Johnny Blaze faz pacto com o diabo para salvar a vida de seu pai. Mas o acordo não sai como o planejado e Blaze acaba não conseguindo o que desejava e sendo possuído por um demônio, que faz com que ele se transforme no Motoqueiro Fantasma, uma caveira flamejante que faz justiça com as próprias mãos.

Depois do exagero dramático de Hulk, do monótono Superman Returns e das bombas Demolidor e Elektra, sem falar da decepção de X-Men 3, parecia que as boas adaptações de HQ's se restringiriam àquelas que não eram protagonizadas por superheróis clássicos (caso de Sin City e V de Vingança). Neste caso, o Motoqueiro não chega a ser um superherói, mas não deixa de ser um personagem clássico. E o segredo desse bom filme é justamente seguir uma linha que agrade sem pretensões. Os fãs do personagem provavelmente podem se decepcionar, mas não dizer que é um filme ruim. Esqueça que a história do Motoqueiro é trágica, sombria e solitária (alguma semelhança com Constantine?). O diretor Mark Steven injeta doses de humor na medida certa, coloca alguns vilões caricatos que acabam por suavizar mais ainda a trama e ainda conta com a simpatia e perseverança de Nicolas Cage no papel principal. O roteiro é simplório, mas para um filme despretensioso, passa batido. Eva Mendes faz de sua Roxanne uma mocinha clichê, que no meio de tantos, também passa batida. Enfim, a trama diverte, mas não revoluciona. Porém, quem acharia que o Motoqueiro iria revolucionar?

NOTA 6,5