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quarta-feira, novembro 19, 2008

ANALISANDO...M.NIGHT SHYAMALAN

A seção Analisando... pretende ressaltar características, peculiaridades e curiosidades de diretores consagrados. Muitas vezes menos famosos que seus filmes, os diretores desempenham o papel mais importante na concepção de um filme, sendo responsável direto pela maneira com que a mensagem da trama é percebida pelo espectador.

"Os fantasmas só vêem o que querem"
Do filme O Sexto Sentido

Perfil no IMDB: http://www.imdb.com/name/nm0796117/


UM DIRETOR UNDERGROUND EM MEIO ÀS CELEBRIDADES

O indiano sempre foi apaixonado por filmes de suspense e terror. Mas começou a chamar atenção dos produtores como roteirista da animação Stuart Little. Shyamalan mostra ao mundo logo em seu filme de estréia, O Sexto Sentido, que faz cinema de autor. Ou seja, pelo estilo imposto em suas tramas, percebe-se logo quem é o diretor. Podemos observar algumas características como a exploração de temas místicos, sátira a clichês cinematográficos, desenvolvimento de caminhos falsos para o espectador, entre outros.

O SEXTO SENTIDO - Um ensaio sobre fantasmas















Bruce Willis vive um psicólogo que tenta entender uma criança, vivida por Haley Joel Osment, que afirma ver pessoas mortas. Shyamalan cria uma atmosfera única, demonstrando influências sobretudo de Hithcock. O comportamento dos personagens tornam-se o mistério da trama, mais do que a história em si. Entendendo os dois protagonistas, estamos mais perto da compreensão. A unidade mística do filme é o espiritualismo. O modo por vezes seco e sem sustos gratuitos remontam aos filmes de terror da década de 60, fazendo com que Shyamalan se torne um dos únicos remanescentes dos filmes de mistério (algo como um suspense psicológico). O filme, indicado ao Oscar, rendeu um sucesso inesperado e inaugurou um novo gênero, o suspense sobrenatural, que rendeu vários longas de sucesso como Os Outros e remakes de filmes japoneses. Shyamalan discorre sobre como os fantasmas podem estar presentes lado ao lado dos humanos. E como essa forte presença pode trazer conflitos existenciais, sociais e psicológicos.

CORPO FECHADO - Um ensaio sobre super-heróis














Novamente trazendo Bruce Willis como protagonista, Corpo Fechado conta a história de um
homem que sobrevive miraculosamente de um desastre de avião. Aos poucos, vai descobrindo que seu corpo não sofre um arranhão por mais que tragédias aconteçam ao seu redor. A trama é uma verdadeira análise de um ser humano descobrindo uma nova identidade, também sobrenatural. Como o longa anterior, o ponto-chave é a aproximação do personagem principal com o desconhecido. O personagem de Samuel L.Jackson representa o oposto ao de Bruce Willis, o que nos leva a uma alusão aos conflitos comuns em histórias de super-heróis, onde herói e vilão se contrapõem em idéias, características e motivações. A diferença e que em Corpo Fechado não há apelo a cenas de fantasia, ação ininterrupta e diálogos sensacionalistas. Há uma forte carga dramática acentuada pela atmosfera única criada pelo diretor, sempre usando cenas longas e pesadas tanto sonora quanto visualmente.

SINAIS - Um ensaio sobre extraterrestres
















Mel Gibson é um homem do campo, que tem sua fé abalada por estranhos sinais supostamente
deixados por alienígenas. Shyamalan decidiu seguir na contramão de filmes de invasões
espaciais. Ao invés de mostrar uma visão geral do mundo sobre os extraterrestres, batalhas e
dilemas universais, parte da opinião de uma família comum sobre o tema. As preocupações
individuais falam mais alto. Os seres espaciais são simplesmente pano de fundo para uma
história de fé e perseverança. Shyamalan mostra abertamente suas sátiras dramáticas
contextualizadas em temas-chave que fazem parte de sua carreira, como os fantasmas e os
heróis. Como a maioria de seus filmes é vendido de forma errada (Corpo Fechado praticamente
foi passado como Sexto Sentido 2 e Sinais como filme de invasão extraterrestre), nenhum
destes dois filmes posteriores ao seu grande sucesso, conseguiu uma bilheteria razoável. Mas
ajudaram a alavancar o status cult do diretor indiano.

A VILA - Um ensaio sobre monstros

















Reunindo grande elenco, que incluía Adrien Brody (O Pianista), Bryce Dallas Howard (Dogville), Joaquim Phoenix (Gladiador), William Hurt (O Beijo da Mulher Aranha) e Sigourney Weaver (Alien), Shyamalan faz o que seria sua maior obra prima desde O Sexto Sentido. Uma cidadela vive afastada de toda a civilização, pois supostamente seus habitantes são assombrados por monstros que vivem na floresta existente ao redor. Os responsáveis pela administração da vila parecem esconder segredos, enquanto tentam conter a curiosidade de um jovem que quer se aventurar pelo mundo para descobrir o que há além da floresta. Novamente mostrando elementos comuns em suas obras, como o simbolismo de objetos, cores e formas para a trama em si, Shyamalan cria uma história clássica de mistério, onde há espaço para conflitos existenciais, críticas sociais e o estudo da fé das pessoas. Complexo, visceral, sem preocupações com modelos pré-fabricados, o longa é capaz de mexer com o espectador com seu impactante final.

A DAMA NA ÁGUA - Um ensaio sobre contos de fadas

Depois de sair da Disney, responsável por seus quatro primeiros filmes, Shyamalan ingressa na Warner com uma trama envolvendo habitantes de um prédio que tentam fazer com que uma fada
volte ao seu mundo natal. A história, segundo o diretor, se originou a partir de um conto de ninar que ele contava para suas filhas. A Dama na Àgua pode ser considerado o mais alternativo dentre seus filmes. Paul Giamatti faz um gago que lidera um grupo de voluntários para salvar a personagem de Bryce Dallas Howard. As cenas dirigidas por Shyamalan apresentam um experimentalismo não visto ainda em seus longas anteriores. O humor está presente como nunca esteve em sua obras. O próprio diretor faz um dos papéis mais importantes para o desenrolar da trama. E um crítico de cinema é visto como figura insensível e antipática. Talvez um ou mais dos aspectos mencionados possam ter sido responsáveis pelo fracasso do filme. Mas visto sob um ponto de vista não pretensioso, o espectador consegue enxergar as verdadeira intenções de Shyamalan neste longa.

FIM DOS TEMPOS - Um ensaio sobre apocalipse e filmes B

O mundo vai acabar e a própria natureza pode vir a ser culpada pelo fato. Joaquim Phoenix é
o protagonista dessa história que analisa aspectos individuais e não se preocupa com explicações, pois seus objetivos são outros. Como toda obra de Shyamalan, se for visto como filme alternativo e não como superprodução, vislumbra-se os objetivos que se formam ao longo da história.

UM DIRETOR INCOMPREENDIDO

Shyamalan pode ser encarado como um diretor que explora o indivíduo em relação ao meio que o cerca, sempre utilizando-se de elementos místicos. As histórias não convencionais e por vezes direta e até mesmo agressiva aos olhos mais tradicionais fazem com que o diretor seja um transgressor das regras impostas no meio onde trabalha. Fatores que conseqüentemente o deixam como um diretor incompreendido.

10 comentários:

  1. Anônimo7:42 AM

    Alguns comentários:

    "o suspense sobrenatural", gênero primo dos filmes de horror.

    "como a maioria de seus filmes é vendido de forma errada" - é verdade, Sinais deveria ser humor

    Bom post, embora um pouco grande.

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  2. "incompreendido" hahaha

    Aliás, para os desavisados: "Ensaio sobre a Cegueira" não é do M. Shyqualquercoisa

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  3. Diogo,
    Você não é mais "moreno"? rs
    O único que tem humor propositalmente é o "A Dama na água".

    Kisnney,
    O pessoal ta confundindo Ensaio Sobre a Cegueira com um filme dele? O estilo até que é parecido.

    Abraços

    Warny

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  4. Shyamalan é excelente! Seus filmes sempre fogem do comum. Só isso já vale para assistir qualquer um deles mais de uma vez. Mas, além disso, ele não é repetitivo e apresenta novas idéias a cada filme.

    Gostei do texto, Warny! Parabéns!

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  5. Anônimo4:28 PM

    Desses eu só não vi o Fim dos Tempos... Eu gosto muito de todos os outros, sou daqueles defensores incontestáveis... Sinais, na minha opinião é o mais fraquinho...

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  6. Hélio,
    Valeu pelos parabéns!
    O Shyamalan tem personalidade, sem ser repetitivo, diferentemente do que o Guy Ritchie, por exemplo, está demonstrando nesse novo filme dele.

    "O Cara da Locadora",
    Sinais é outro dos filmes incompreendidos do Shyamalan hehe

    Abraços

    Warny

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  7. o sexto sentido não foi o primeiro filme do shaymalan...
    antes desse ele fez um filme muito legal chamado olhos abertos... tem em torrent... recomendadissimo!

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  8. Hens,
    Realmente o Shyamalan tem dois filmes em seu curriculo antes de ter filmado O Sexto Sentido, dentre eles esse que vc mencionou.
    Ainda não pude vê-los, mas vou procurar.

    Abraços

    Warny

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  9. Anônimo7:48 PM

    Fim dos tempos: o roteiro de Mr. Night plagia descaradamente um livro de Arthur Conan Doyle, O Dia em que o Mundo Acabou (The Poison Belt), publicado em 1913. Até no protagonismo de dois professores, que no livro de Conan Doyle eram o professor Challenger e o professor Summerlee.
    Creio que para 1913 a história tinha relevância e, também, Night não é o primeiro que se apropria do enredo.
    Pior que o filme ser ruim é a idéia ser roubada do autor que criou Sherlock Holmes.

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