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terça-feira, março 01, 2016

OSCAR 2016 - SURPRESA!!! SURPRESA???

Por Laura Furtado


Todos os anos, a premiação da Academia (Academy of Motion Pictures Arts and Sciences) mexe com todos nós, seja para torcer por aquele filme que adoramos e (por um milagre) conseguiu ser indicado, seja para participar de um bolão, seja para ver atores, atrizes, diretores, etc, em suas roupas de gala chegando e cruzando o tapete vermelho.

E sempre há alguma surpresa, boa ou não tão boa assim, porque se fosse como todos esperam, não seria o Oscar. Grande parte do atrativo desta premiação está na imprevisibilidade dos resultados. Porque certos prêmios realmente não fazem muito sentido, considerando os concorrentes. E este ano não foi exceção.

Primeiro, gostaria de comentar sobre a famosa “diversidade” do Oscar. Para ser sincera, nunca vi tantos atores afro-americanos apresentando os prêmios. Nada contra, muito pelo contrário, mas gostaria de apontar dois comentários sobre a situação, primeiro de Whoopi Goldberg, quando a polêmica começou. Ela disse algo como: o problema é que não há bons papéis, não há filmes para negros. Então a questão não é que somente brancos foram indicados esse ano, mas que os negros não foram indicados porque não há papeis de destaques para eles, para que possam concorrer ao Oscar.

Segundo de Chris Rock: “este com certeza não foi o primeiro Oscar que não houve negros indicados, o caso é que antes haviam coisas mais importantes para protestar”. Ainda acho que há coisas mais importantes para protestar, mas este ano foi a “diversidade”.

Agora vamos às premiações: filme da noite – Mad Max: Fury Road. Como disse nas minhas escolhas para o Oscar, Mad Max deveria levar todas as categorias técnicas. E assim foi, ou quase...

Categorias técnicas: melhor edição, melhor fotografia, melhores efeitos visuais, melhor edição de som, melhor mixagem de som, melhor direção de arte, melhor figurino, melhor maquiagem. Mad Max concorria em todas essas categorias (8) e levou seis (6). As duas que perdeu foram melhor fotografia (O Regresso – The Revenant) e melhores efeitos especiais (Ex-Machina).

Aqui abordamos a maior surpresa da noite. Os indicados a melhores efeitos especiais eram: Ex Machina; Mad Max: Estrada da Fúria; Perdido em Marte; O Regresso; Star Wars: O Despertar da Força.

Neste caso, eu vi todos estes cinco filmes e digo a vocês, o último que esperaria ganhar é Ex-Machina, porque se compararmos os efeitos especiais destes filmes o mais “simples” é de Ex-Machina. Na hora me lembrei do Oscar de 2000, quando Beleza Americana (American Beauty) ganhou. Todos os demais concorrentes eram filmes muito mais interessantes do que o saco plástico (na minha modesta opinião, o ponto alto do filme e pelo qual ele é lembrado até hoje). Para lembrá-los: Regras da Vida (The Cider House Rules), À Espera de um Milagre (The Green Mile), O Informante (The Insider), O Sexto Sentido (The Sixth Sense). De todos esses, acho que o Sexto Sentido é o mais lembrado, seguido por À Espera de um Milagre. Beleza Americana é lembrado pelo saco plástico, que se tornou piada em alguns outros filmes.

Eu não gostei de Ex-Machina, embora se deva prestar atenção ao tema (o que criamos e que pode se voltar contra nós). Quando vi a “robô”, logo pensei: como isso foi feito? Veste-se a atriz com um macacão verde e depois se coloca as imagens. Aparentemente não foi esse o efeito especial usado, mas mesmo assim. Oscar de Melhores Efeitos Especiais deve ir para um filme que nos surpreenda, onde esses efeitos chamem a atenção. A parte esse pensamento de como foi feito, depois me concentrei no filme e concordei com a indicação para Melhor Roteiro Original. O roteiro me chamou muito, muito mais atenção dos que os efeitos. Na foto, efeitos especiais de Ex-Machina.

E se voltarmos um pouco, o último filme a ganhar um Oscar nesta categoria e que custou menos de 100 milhões de dólares foi Matrix. Matrix! Que revolucionou muita coisa em termos de filmagem e efeitos. O que aconteceu agora foi que muito se falou que a Alicia Vikander deveria ter sido indicada por este filme, o que fez com que muita gente fosse assistir Ex-Machina para ver a atuação dela. Então, quando foram votar, lembraram-se dele e resolveram dar o prêmio porque tinham visto o filme (não se enganem, a maioria das pessoas que vota no Oscar não viu todos os filmes), ou por “culpa”, por não terem indicado Alicia como melhor atriz.

E ei, só lembrando, esta não é a primeira vez que um ator (ou atriz) ganha um prêmio mais pelo conjunto de sua obra do que pelo filme que foi indicado. Vicander ganhou melhor atriz coadjuvante e Leonardo DiCaprio ganhou por melhor ator. Eu disse que o Leo ganharia melhor ator porque tinha que ganhar, pelo conjunto do que ele fez. E assim foi. Felizmente não tivemos nenhuma surpresa ai.

Gostaria apenas de acrescentar que filmes como: Jurassic World, Avengers: Age of Ultron, Ant-Man, Terminator Genesis, só para citar alguns, não foram sequer indicados nesta categoria. Alguém duvida que haja consideráveis efeitos especiais nestes filmes para que fossem indicados?

Voltando a Mad Max e Melhor Fotografia – O Regresso (The Revenant). A Academia tem uma “tendência” a “distribuir” os Oscar, a tentar equilibrar os prêmios entre os favoritos. E vendo o resultado final (O Regresso não ganhou melhor filme como era esperado pela maioria), entende-se perfeitamente porque levou um Oscar aqui. Mas que fique claro, a fotografia de O Regresso é muito bonita, mas eu ainda daria a estatueta para Mad Max. Quem viu os dois filmes vai entender melhor.

Muito bem, Mad Max cumpriu seu papel de levar a grande maioria dos Oscar técnicos. Só acrescento que Mad Max ganhar a estatueta de melhor figurino foi uma surpresa sim, não das maiores, mas foi uma surpresa. Embora vendo a roupa que a Sandy Powell (responsável pelos figurinos de Carol e Cinderela) usou no Oscar, eu não me admiro que ela não tenha ganho. Sei que uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas precisava comentar, quem viu, sabe do que estou falando. Nesta categoria, o favorito era Cinderela, pois as roupas foram mais elaboradas, mais bonitas. Carol, A Garota Dinamarquesa e O Regresso apresentam roupas de épocas, muito bem pesquisadas e reproduzidas. Mad Max apresenta roupas de fantasia, pois o filme não acontece em um universo histórico e sim fantástico. Mas valeu, mais um para Mad Max. Fiquei feliz.

Roteiros: ganharam os que eram esperados, Spotlight como melhor roteiro original e A Grande Aposta (The Big Short) como melhor roteiro adaptado. Quem viu os filmes sabe que são filmes onde o roteiro é o que chama atenção.

Filme estrangeiro: sem surpresas, ganhou O Filho de Saul. Infelizmente não vi nenhum dos indicados nesta categoria, mas a estória do Filho de Saul chama a atenção. O Holocausto, para mim, faz parte de temas que, mesmo sendo repetitivos, devem ser mostrados para que nunca sejam esquecidos. Para que os erros do passado não se repitam.

Melhor Animação: novamente sem surpresas, ganhou o favorito Divertida Mente (Inside Out). O mesmo com Melhor Trilha Sonora: ganhou Os Oito Odiados (The Hateful Eight – Ennio Morricone). Detalhe, o maestro teve o respeito que merece, podendo fazer seu discurso de agradecimento na íntegra, sem qualquer música entrar para atrapalhar. Respeito dos colegas vale muito!

Melhor Canção Original: surpresa aqui, a favorita “Til it happens to you” perdeu para “Writing’s on the wall”, do 007 Spectre. Eu gostei mais da música do Sam Smith, embora não ache que é o tipo de música para um filme de 007, acho que a música deveria ser mais vibrante para combinar com a ação do filme. O música da Lady Gaga tinha mais apelo por causa do filme para o qual foi feita. No entanto, acabou não ganhando...

Melhor Documentário: ganhou o esperado, Amy, sobre Amy Winehouse. Eu escolheria “Cartel Land” ou “Winter on fire: Ukraine’s Fight for Freedom”. Infelizmente eu não vi nenhum dos documentários indicados, embora pretenda assistir Winter on Fire na Netflix.

Melhor Documentário Curta Metragem: ganhou um dos três que eram mais favoritos – “A Girl in the River: The Price of Forgiveness” (Paquistão x mulheres). Os outros que tinham mais chance eram Body Team 12 e Claude Lanzmann: Spectress of the Shoah”. Eu escolheria “Chau, beyond the lines”, novamente, infelizmente, pela estória, pois não vi nenhum dos indicados.

Melhor Curta de Animação: surpresa, o favorito era “Sanjay’s Super Team”, mas ganhou “Bear Story”, o meu favorito. Melhor Curta-Metragem: ganhou o esperado – “Ave Maria”.

Meu comentário aqui refere-se ao que CK Louis disse quando apresentou o prêmio de melhor documentário curta metragem: ele disse algo como o Oscar para esta categoria realmente significa algo, pois quem faz esse tipo de filme nunca vai ganhar muito dinheiro e ganhar um Oscar provavelmente é a melhor coisa que vai acontecer na vida deles. Pensem a respeito, quem realmente liga para estas quatro categorias, a não ser para tentar adivinhar quem vai ganhar para apostar no bolão?

E agora vamos para o “creme de la creme”, ou seja, o que mais esperamos ver no Oscar. Melhores atores, diretor e filme.

Comecemos por melhor diretor: ganhou quem era esperado, A lejandro G. Iñárritu, por O Regresso (The Revenat).

Melhor atriz coadjuvante: também sem surpresas, Alicia Vicander, por A Garota Dinamarquesa.

Melhor ator coadjuvante: surpresa aqui, pois o favorito era o Stalone, que perdeu para Mark, não o Rufallo, que eu queria, mas o Rylance, por a Ponte dos Espiões (Bridge of Spies). Mais ou menos aquela coisa de “temos que dar um Oscar para o filme do Spielberg com o Tom Hanks”...

Melhor ator: Leo, Leo, Leo!!! Parabéns, valeu mesmo academia, por reconhecer um ator que lutou muito para chegar onde está. Quem viu os primeiros filmes de Leonardo DiCaprio e viu os últimos sabe do que estou falando. Na foto, Kate Winslet abraça Leonardo DiCaprio após ele vencer o Oscar.

E agora, melhor filme. Confesso que quando ouvi Morgan Freeman dizer Spotlight custei a acreditar no que ouvia, tanto que nem vi direito os agradecimentos do pessoal. Foi surpresa, foi sim, esperava-se que O Regresso ganhasse, ainda mais que Iñarritu e DiCaprio ganharam. Mas foi Spotlight! Meu favorito. Dos indicados, só vi metade. Ainda pretendo ver os outros quatro, mas do que vi e li, Spotlight continua sendo meu preferido. E fiquei muito feliz porque depois de muito tempo a Academia escolheu um filme bom como melhor filme. Na foto, Spotlight recebendo o Oscar.

Ano passado ganhou Birdman (não vi e nem vou ver); 2014: 12 anos de escravidão (além da Lupita alguém lembra algo significante deste filme, além do terrível senhor de escravos Fassbender? E olha que você tem que ver o “Full Cast” para achar o Fassbender lá pelo meio. A Lupita vem logo depois). 2013: Argo (estória legal, mas eu até hoje não tive vontade de ver de novo, Spotlight já vi duas vezes). 2012: O Artista (filme bonitinho, mas mudo, em preto e branco, em pelo século XX? Lembrado este ano, porque o cachorrinho morreu e não foi lembrado no “In Memoriam”). 2011: O Discurso do Rei (gostei).

Finalmente: “In Memoriam” – infelizmente, como sempre, a Academia esqueceu muita gente. Deixo o link aqui para verem uma lista mais completa daqueles que nos deixaram entre um Oscar e outro (Fevereiro de 2015 a Fevereiro de 2016): http://www.imdb.com/awards-central/oscars-in-memoriam-2016/ls033336951?pf_rd_m=A2FGELUUNOQJNL&pf_rd_p=2418601722&pf_rd_r=1XP4G3HA52KFKBQFM4JH&pf_rd_s=center-7&pf_rd_t=15061&pf_rd_i=homepage&ref_=hm_ac_acd_im_sm

Aliás, prestem atenção este ano, a quantidade de artistas que já se foram está sendo significativa, pois praticamente todo dia que olho o IMDb vejo que mais um se foi. Ontem, foi George Kennedy...


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